Bolsonaro diz que respeitará eleições: ‘Limpas e transparentes’

O presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição pelo PL, manteve em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, o discurso de questionamento às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral brasileiro. Provocado a se comprometer em aceitar o resultado das eleições, Bolsonaro disse que respeitaria, mas impôs uma condição: “Desde que as eleições sejam limpas e transparentes.”

O presidente inaugurou a série de entrevistas no JN, que recebe os principais presidenciáveis ao longo da semana. Logo no começo da entrevista, o candidato citou supostos dados de um inquérito da Polícia Federal sobre as urnas que, até agora, não encontrou indício relevante de fraude. O presidente afirmou: “Eu quero é transparência nas eleições. Vocês, com toda a certeza, não leram o inquérito de 2018 da Polícia Federal que está, inclusive, inconcluso. Se você pode colocar uma tranca a mais na sua casa para evitar que ela seja assaltada, você vai fazer ou não? Esse é o objetivo do que eu tenho falado sobre o Tribunal Superior Eleitoral.”

Em comparação com a sabatina de 2018, os âncoras William Bonner e Renata Vasconcellos foram menos aguerridos nas perguntas no tratamento ao entrevistado. Mas mantiveram o tom enfático e a constância crítica nos questionamentos.

 

Bolsonaro trazia uma cola na palma da mão esquerda, onde se liam as palavras Nicarágua, Argentina, Colômbia e o nome do doleiro Dário Messer. Em alguns momentos demonstrou irritação com os questionamentos dos jornalistas, mas manteve a calma na maior parte do tempo. Pareceu aliviado ao fim da entrevista, quando sorriu.

 

O presidente tentou logo dizer que Bonner estava fazendo “fake news” ao lembrar que o presidente xingara ministro do Supremo. O jornalista sorriu. E lembrou ao presidente que ele chamou de “canalha” o ministro Alexandre de Moraes, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

Bolsonaro justificou-se dizendo que Moraes conduzia uma investigação ilegal admitiu pôs em dúvida a legitimidade do ciclo eleitoral das eleições de 2014 e 2018 sem apresentar provas e disse que quem irá decidir a questão da transparência na auditoria das urnas eletrônicas no Brasil será as Forças Armadas. E disse acreditar que tudo se resolveria após o encontro hoje entre o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio de Oliveira, e o ministro Moraes.

 

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirma que “nenhum caso, até hoje, foi identificado e comprovado” e que órgãos como o Ministério Público e a Polícia Federal “têm a prerrogativa de investigar o processo eleitoral brasileiro e já realizaram auditorias independentes”.

 

Pandemia

 

Questionado depois sobre sua atuação na pandemia, o presidente mentiu ao afirmar que não imitou doentes de covid-19 sufocando, sem ar, durante uma de suas lives. Bolsonaro negou ainda que tenha desprezado as vacinas e tentou apresentar seu governo como o responsável pela distribuição de 500 milhões de doses dos imunizantes.

 

Ao falar de meio ambiente, o presidente negou que o Brasil seja um país destruidor de florestas. Disse que há abusos do Ibama ao destruir equipamentos apreendido pelo órgão por derrubar árvores ilegalmente na Amazônia, afirmou que potências europeias também lidam com incêndios em suas florestas e admitiu que maior parte dos incêndios no Brasil é de origem criminosa.

 

“Quando se fala em Amazônia, por que não se fala na França, que há mais de 30 dias está pegando fogo. Assim como Espanha e Portugal. Califórnia pega fogo todo ano. No Brasil, infelizmente, não é diferente, acontece. Grande parte disso aí é criminoso, eu sei disso”, disse.

 

Ao tratar da economia, pôs a culpa pela inflação, alta do dólar e dos juros na pandemia e na guerra da Ucrânia e tentou se apresentar como o responsável pelo auxílio emergencial pago durante a pandemia, além de se dizer que obteve a redução do preço da gasolina.

 

PIX

 

Em duas oportunidades, o presidente voltou a disputar a paternidade de duas outras medidas. Disse que fez o Pix “tirando dinheiro dos banqueiros” e afirmou que fez a transposição do Rio São Francisco, afirmando que ela estava parada desde 2012, o que não era verdade. Em 10 de março de 2017, Michel Temer (MDB) inaugurou o eixo leste da transposição – as obras começaram durante as gestões petistas. No caso do Pix, o desenvolvimento do sistema começou no governo Temer.

 

Durante a entrevista foram registrados panelaços em diversas cidades do País.